domingo, 7 de outubro de 2007

Premeditação

nunca quis céu
apenas um pouco de fel
do fígado de prometeu

(o ambiente é uma biblioteca onde
larvas arranham livros
e traças e ratos e
merda de barata
e um poeta
portador de várius-vírus
mortais da palavra indeletável
pesca versos sem anzol)

nunca quis céu
apenas um pouco de fel
do fígado de prometeu

(o carro não desce a rampa
nesta imagem precisa
e infatigável e intangível e mágica
e o poeta nem é trem
desgovernado na serra
da palavra indeletável
pesca versos sem anzol)

nunca quis céu
apenas um pouco de fel
do fígado de prometeu

(do alto a chama do sol
é mais fria e as aves
de malagouro gostam
do amargo que escorre farto
pelo ventre liso da fonte inesgotável
da palavra indeletável
do fígado de prometeu)

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