segunda-feira, 8 de outubro de 2007

No procênio



Talvez eu não devesse tocar fogo no rabo do capeta
Talvez eu não devesse gorar os planos divinos e enrabar santos e anjos de uma vez
Talvez eu não devesse golpear com lâmina fina o ventre do céu
Talvez eu não devesse soltar minhas górgonas furiosas para o gol do desempate
Talvez eu não devesse esticar o arco até o limite da sorte e olhar no centro dos olhos da medusa antes do gozo
Talvez eu não devesse vomitar na catacrese e mandar o mecenas à merda
Talvez eu não devesse assumir minha insignificância, declarar os nós na garganta, peidar númenos pressupostos e guilhotinar o self control
Talvez eu não devesse inverter o espelho, quebrar a face branca e enrugada da moral e uivar para qualquer uma das luas de saturno
Talvez eu não devesse tocar blues e jazz no meu violão de oito cordas ou cantar com meu piano exageradamente bêbado
Talvez eu não devesse mumificar a musa e lamber estriquinina no fuzuê dessas tribos de geena
Talvez, quando eu estiver vencido esta parada
Tiver acertado o alvo
sóbrio de poesia
eu entre em cena