(segundo Nalungiaq/Esquimó)
Em tempos ancestrais
quando pessoas & animais viviam na terra,
uma pessoa podia virar um animal se quisesse
e um animal podia virar um ser humano.
Às vezes eram pessoas
e às vezes animais
e não havia diferença.
Todos falavam a mesma língua.
Naquele tempo as palavras eram mágicas.
A mente humana tinha poderes misteriosos.
Uma palavra dita ao acaso
podia ter conseqüências estranhas.
De repente ela ganhava vida
e o que as pessoas queriam que acontecesse, acontecia.
Só o que era preciso era dizer.
Como explicar isso?
As coisas eram assim.
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(De "Shaking the Pumpkin", antologia de Jerome Rothenberg
Tradução: Rodrigo Garcia Lopes
Fonte: In Knud Rasmussen, The Netsilik Eskimos, Report of the 5th Thule Expedition, Copenhagen, 1931.
Nota: “A xamateca Nalungiaq definia-se como “uma mulher comum”, tendo aprendido o poder das “palavras mágicas” (= poesia) com um tio, também xamã. O comum era não usar a fala ordinária e sim a linguagem dos xamãs, em que todas as coisas & seres eram chamados por nomes diferentes do que eram conhecidos. A consciência esquimó é notável por sua compreensão do processo poético básico”. (Rothenberg, SP, 405)
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Texto extraído do blog 'Estúdio Realidade' (link aí do lado) do poeta Rodrigo Garcia Lopes.
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
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